terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

De volta

A jornada recomeçou.
A trilha me mostrou um dilema:
o real versus o ilusório.
O que é real nesta floresta?
O que apenas parece ser real?
Será que algo é, de fato, real?
Ou seria tudo uma ilusão?
Se tomarmos tudo como uma ilusão, é mais fácil de nos libertarmos desse sofrimento.
Entretanto, será mesmo necessário andarmos pelos extremos?
Os extremos não seriam também, dentro de suas formas, ilusões?
Encarar a vida assim, como uma ilusão, não seria uma forma de aprisionamento?
O caminho precisa mesmo ser assim tão amargo?
Não seria ele uma prisão?
Entretanto não se pode esperar que o caminho seja o resultado. Ou será que podemos?
Já ouviu dizer que existe mais de uma solução para o mesmo problema?
Mais de um caminho para o mesmo destino?
Já ouviu dizer que você pode criar o caminho, caso ele não exista?
E isso, não necessariamente rompendo com a estrutura da floresta... Mas se adaptando à ela.
Anoiteceu e estamos tateando no escuro. Ainda mais necessária é esta adaptação, pois ainda mais arriscado é o andar pela floresta.
É possível criarmos o caminho novo. Um caminho mais leve, mais tranquilo, mais sereno ou, pelo menos, menos amargo. Menos difícil, por que não? Haverá sofrimento? Sempre há. Cansaço? Sim, sempre. Porém, podemos caminhar pela sombra. Nos banharmos na cachoeira. Curtirmos o pôr-do-sol. Encontrarmos uma fruta doce e suculenta. Coisas para nos aliviarmos. E quem sabe, pisarmos numa terra mais macia? E o caminho se tornar instantaneamente mais gostoso. Por que isso deve ser considerado preguiça? Ou querer fugir do problema?
Isso não impedirá a picada dos mosquitos. Nem pisarmos em espinhos. Nem nos machucarmos com gravetos, pedras ou bichos, da floresta. Mas precisamos nos atirarmos voluntariamente nos espinhos? E, caso tenhamos nos atirado (por necessidade), seria necessário ficarmos rolando em cima deles e não cuidarmos da nossa pele? Deixarmos infeccionar?
Precisamos bater com o pé na pedra? E, se precisamos entender como é a dor de bater com o pé na pedra, seria necessário continuar batendo? Lembrarmos da dor toda a noite, antes de dormir? E nos castigarmos por isso, de outras formas? Passar fome porque batemos na pedra? Porque nos machucamos em espinhos? Andar debaixo do sol escaldante do meio dia porque erramos? Porque nos ferimos?
Existem muitos caminhos para chegar ao mesmo destino. E muitas formas de percorrer cada caminho.
De volta à jornada, anoiteceu, e estamos cansados. Há uma cachoeira em frente, frutas ao redor, grama fofa e nós temos, agora, como fazer fogo. Como nos cobrirmos. Já passamos frio o suficiente, e já entendemos a necessidade de nos cuidarmos. E como nos cuidar.
Boa noite.

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