terça-feira, 24 de setembro de 2013

A Fila, @ ser-human@ domad@, anulad@

Uma "breve" crítica a fila:

A belíssima forma que inventaram de domesticar @ bich@-human@!

Isso, desde seus primeiros passos.
"ORGANIZADOS E EM SILÊNCIO, NUMA FILA!" - grita a professora para os alunos que, devem ter, no máximo, 13 anos.
13 anos e os hormônios em completa ebulição! 13 anos no MÁXIMO, e um nível MÁXIMO de energia para gastar, de coisas para conhecer, para aprender - para SER! E ter que reprimir todos esses impulsos para adequar-se ao limitado espaço de UMA FILA! Não basta estar no espaço limitado, é necessário ir EM SILÊNCIO, ORGANIZADOS.
Geralmente separada: meninos de um lado, meninas do outro. Pois os extremos não sabem conviver num mesmo espaço - e a professora, cega por uma ordem, não terá paciência para fazer o mais difícil - o que nem os pais pretendem fazer - que seria: conscientizar (muito além de educar, muito além...). "Quem não fizer o que eu mandar vai pra direção". E a direção, que deveria ser o apoio conscientizador... Pouco ajuda. No fundo, o objetivo era excluir o agente perturbador da sala - a exclusão, tão bem vinda...

Num grupo de "revolucionári@s" - auto intitulados, obviamente - alguém grita: "COXINHAS!" - para @ "desavisad@" companheir@ de luta, que não sabia o quão "feio", o quão tosco é cantar o hino nacional e segurar um cartaz escrito "FORA CORRUPÇÃO". Porque é muito mais fácil excluir @ ignorante do que conscientizá-l@ (algo muito além das tarefas de um@ revolucionári@, suponhamos). Porque é muito difícil, muito complicado e gastará muito da sua bela massa cinzenta, do seu tempo precioso de "luta", EXPLICAR para a pessoa em questão, ainda cega, os porquês de fazer isso ou aquilo. Porque talvez nunca tiveram a paciência para TE explicar as coisas, e aí você acaba retribuindo isso ao mundo - essa falta de paciência - sem nem perceber o quanto você, car@ revolucionári@, está contribuindo para a decadência do seu próprio movimento, da sua tão estimada "luta". Ou quem sabe, porque você é inteligente o suficiente para ser autodidata, aprender sozinho, ou observando, ou ler entrelinhas e, inutilmente (de forma vazia e egoísta) espera que o mundo inteiro seja igual a você. - ANDA NA FILA! ANDA NA LINHA, SEJA COMO A GENTE! NÃO REPRODUZA A MÍDIA LIXO, MAS REPRODUZA O QUE A GENTE FAZ, OU SERÁ EXCLUÍDO! É o que tu diz quando grita "COXINHA!" ao invés de pegar a pessoa pela mão e dizer "cara, tu sabe o que tu tá defendendo?" - algo extremamente carinhoso ao próximo que receber este tratamento e, igualmente, doloroso demais para quem faz. Argumentar é uma prática que nos foi pouco ensinada, na escola...

Quando eu tinha 6 anos de idade eu estudei num colégio - de freira, pra minha infelicidade - que tinha um pátio GIGANTESCO. Puta que pariu, aquele pátio era realmente enorme, e tinha de tudo, e era incrivelmente encantador, e eu podia descobrir MILHARES de novidades ali - muito mais do que na sala de aula.
Sendo uma pessoa sempre espontânea demais, curiosa demais, tagarela demais, impulsiva demais... Lá me fui, querer correr, brincar, ver aquele mundo novo que se abria inteiramente aos meus olhos.
Identifique-se, se quiser: fui levada para a psicopedagoga. Diagnóstico? Hiperatividade.
Hiperatividade é o caralho! Mesmice é a PRIMEIRA AULA DO ANO, DA MINHA VIDA, naquela sala de aula, a professora que falava no mesmo tom de voz, o planejamento que deveria ser seguido, a falta de criatividade. Essa mesma professora me queria domada, em silêncio, organizada numa FILA, enquanto correr era tão mais divertido, enquanto existia um mundo lá fora.  Enquanto brincar é muito mais interessante - e, pasmem se quiser, até hoje acredito que brincar me ensinou muito mais.
Hoje em dia, as crianças ficam coladas na frente de um computador. E os pais reclamam. O que querem, afinal, que os filhos façam? Quando as crianças correm, brincam, gritam, inventam, testam os próprios limites, se descobrem animais selvagens e pessoas civilizadas em frações de segundos, encontram suas próprias formas de se organizarem (e de bagunçarem), os pais reclamam. Quando ficam como robôs, sentados, "organizados", colados em um computador, comportados sem falarem um "piu"... Os pais reclamam!
Só não reclamam @s que curtem a bagunça, a zoeira, que curtem a festa, a sujeira, a gritaria, a cor toda, a criançada toda, testando os limites, a criatividade, a existência, puramente existindo... BINGO!
Porque tudo o que é diferente mostra que existe, e é doloroso de admitir. Seja o lado bom, seja o lado ruim. Seja a tua responsabilidade dentro dessa existência.

Ironicamente, grita @ companheir@ de luta: "RESISTIR é EXISTIR". @ mesm@ que gritou logo antes "COXINHA!" pra um@ desavisad@ na fila no manifesto...

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