sábado, 26 de outubro de 2013

Vai passar

Você não vai esquecer,
mas vai aprender a perdoar.
Deixar o tempo correr,
permitir, existir, prosseguir,
a fluidez natural da vida.
Aprender a libertar-se
do ego
cego
e se perceber,
se sentir, em alegria,
como parte de tudo
entendendo que não é preciso
ter algo... no fundo
a simplicidade é o tesouro
de alto valor, hoje em dia...
Apenas estar
livre por, os outros, liberar.
Livre, por, os outros, liberar.
A plena existência.


Um rei pediu ao sábio
por uma frase que, na tristeza trouxesse alegria,
e na alegria, tristeza.
E o sábio respondeu: "Vai passar"...

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Que ciclo criamos?

Que poder é esse
que nos rebaixa a peões?
Que sistema é esse
que nos obriga a apunhalarmos uns aos outros?

Que poder é esse...

O mesmo que diz: "NÃO FAZ ARTE!" e poda nossa criatividade desde pequenos.
O mesmo que dá a frase "vou pra luta" a@ trabalhador@.
O mesmo que com uma mão nos dá doces (tecnologia, conforto, brilhos, posses, posses, posses) enquanto com a outra nos tira o maior presente (o próprio presente, ao nos colocar na posse a preocupação, a necessidade de participar de determinadas condições, a falta de tempo e as doenças - por consequência disto).

A preocupação:
com sair na rua
com a previsão do tempo
com o noticiário

A necessidade:
o trabalho que nunca traz de volta o esforço empregado
o dinheiro que nunca é suficiente
os cargos que comparam, diferenciam e distanciam as pessoas

A falta de tempo:
pelo trabalho que consome o período biológico de convivência
a exaustão que nos faz chegar em casa querendo "relaxar" (nos isolar)
os passos que damos objetivando chegar
enquanto
a rua permanece invisível
o vento, intocado,
o céu, invisível,
a natureza - um mero cenário
as pessoas - um cenário...
o alimento - apenas recarregar a bateria para a jornada.
E do que te alimenta: a tv ligada no noticiário
as notícias: morte, assalto, roubo, estupro, tortura, desesperança.

As doenças?
...
são o produto da nossa falta de liberdade
do nosso comodismo
da nossa não-revolta
do nosso não-questionamento
E são um dos alimentos para esse organismo vivo,
para esse monstro invisível, porém, onipresente - que não é divino -
ao qual chamamos de "sistema"
e que rumina, eternamente, o nosso despertar...

Um apelo à existência

Como pode, em um mundo
com milhões de pessoas,
todas elas se submeterem à esta mesma forma de vida?
Como pode você
que, do outro lado, nos lê, permanecer parado?
E como eu consigo permanecer parado
enquanto milhões morrem injustamente
enquanto vivemos num sistema podre?
- muito maior que simplesmente "capitalismo":
Enquanto vivemos num sistema onde as pessoas se apunhalam pelas costas - e não sabemos se podemos confiar em quem se diz ser nosso amigo.
Enquanto o pai de família precisa ensinar seus filhos a "lutar" ao invés de ensiná-los a "viver"?
Critico o sistema não simplesmente por funcionar ao redor do Deus do Dinheiro.
Críticas ao sistema por ele fazer de nós meros peões, e deixar claro isso.
Perdeu-se o respeito...
Como pode você, do outro lado dessa PORRA DESSA TELA FRIA, continuar PARADO
BOIANDO

INERTE

IGNORANTE IGNORANDO
enquanto há tanta gente CHORANDO?
Enquanto há tanta gente SEM SOLUÇÃO?
Enquanto há tanta gente sendo constantemente MUTILADA?
Enquanto VOCÊ está sendo podado neste EXATO MOMENTO?
SÃO SETE BILHÕES DE PESSOAS NO MUNDO, PORRA!
Como é possível
que a gente não consiga se unir
para botar todo esse sistema injusto, esse sistema PODRE, abaixo
e construir algo novo?
Como é possível
que tenham conseguido podar nossos corações a tal ponto...
de fazer com que acreditemos fortemente que somos incapazes de transformar
incapazes de sermos criativos para fazer tudo novo?
Como é possível que
tenhamos nos submetido a isso?
Como é possível que você não sinta, não imagine
as lágrimas que correm do meu rosto no exato momento em que escrevo?
As lágrimas de outros? Como é possível ignorá-las?
E como é possível que o sofrimento tenha se transformado em algo tão banal?
Como é possível que você não veja no olho do próximo ou do distante
a busca que internamente, também você, procura?
Como é possível que tenhamos, de forma tão absurdamente genérica
perdido o poder...
o poder incomparável de...
sonhar
de...
amar
e, ainda mais forte...
de questionar?